O Contrato Futuro de Bitcoin (BIT) já supera os R$ 2 trilhões em volume financeiro negociado após um ano do lançamento do derivativo da criptomoeda na B3, a bolsa do Brasil.
De acordo com dados da plataforma DataWise+, uma solução B3 e Neoway, marca do Grupo B3, a quantidade de futuros negociados entre abril de 2024 e abril de 2025 totalizou mais de 41 milhões de contratos. Apenas no mês de abril de 2025, foram negociados mais de 4 milhões de contratos, uma alta de 4.189% comparado ao mês de abril de 2024, quando foram negociados 102.160 contratos.
“O lançamento do Contrato Futuro de Bitcoin foi um marco e reafirmou o compromisso da B3 com a inovação orientada ao cliente. Desenvolvemos esse produto ouvindo o mercado para que o investidor pudesse acessar um produto de criptomoeda em mercado regulado. O volume expressivo de negociações confirma que o investidor está cada vez mais sofisticado e em busca de diversificação para suas estratégias de investimento”, afirma Luiz Masagão, Vice-Presidente de Produtos e Clientes da B3.Segundo dados da plataforma DataWise+, entre abril de 2024 e abril de 2025, os investidores Não Residentes lideram o ranking de negociação do Futuro de Bitcoin na bolsa brasileira no período. Eles representam 53% do total, enquanto a Pessoa Física tem a segunda maior participação no período analisado, com 39% do volume total.
Os Fundos aparecem em terceiro lugar no ranking com aproximadamente 7% do total negociado no período.
“O acesso a dados e tecnologias nos permite ter uma maior visibilidade do avanço de produtos financeiros como este. A inteligência analítica é uma aliada importante das instituições financeiras, que podem considerar uma vasta diversificação de produtos e oferecer aos seus clientes as opções mais aderentes a cada perfil”, afirmou Diego Araujo, head de Mercado de Capitais na Neoway.
Lançado pela B3 em 17 de abril de 2024, o Contrato Futuro de Bitcoin permite que os investidores se protejam contra futuras oscilações de preço da criptomoeda. O Contrato Futuro de Bitcoin utiliza o índice Nasdaq Bitcoin Reference Price Index como referência e possui vencimento mensal.
Atualmente, o valor do contrato é equivalente a 0,1 bitcoin, ou seja, 10% do valor da criptomoeda em reais. No entanto, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) aprovou recentemente a redução do contrato em dez vezes. A mudança passa a valer a partir de 16 de junho e o valor do contrato passará a valer 0,01 Bitcoin.
Nesse tipo de contrato, a liquidação é exclusivamente financeira, ou seja, não há compra e venda de criptomoedas. Os resultados financeiros das negociações ocorrem sobre a variação de preço da Bitcoin.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também aprovou, no início do mês, o lançamento dos contratos Futuros de Ethereum (ETR) e de Solana (SOL). A expectativa é que os produtos sejam disponibilizados ao mercado no dia 16 de junho.
Os contratos Futuros de Ethereum e Solana terão a cotação em dólares americanos e referenciados pelos índices Nasdaq Ether Reference Price e Nasdaq Solana Reference Price, respectivamente.
B3, blockchain e criptomoedas
Embora as negociações de contratos futuros de Bitcoin seja relativamente recente dentro da bolsa brasileira, a instituição iniciou sua atuação no setor ainda em 2017 quando iniciou testes com a tecnologia blockchain através do projeto Fingerprint, em parceria com instituições como Bradesco, Itaú e o consórcio R3.
Na época, o objetivo era explorar o uso de identidades digitais em blockchain, visando maior segurança e eficiência nos processos de autenticação.
Após este período, em 2021 a empresa listou o primeiro ETF de criptomoedas da América Latina, o HASH11, desenvolvido pela Hashdex em parceria com a Nasdaq. O fundo oferece exposição a uma cesta diversificada de criptoativos, incluindo Bitcoin e Ethereum.
Ainda em 2021, a B3 realizou a maior aquisição de sua história ao comprar a Neoway, empresa especializada em análise de dados e inteligência artificial, por R$ 1,8 bilhão. Essa aquisição visou fortalecer a atuação da B3 em segmentos da economia digital, incluindo o mercado de criptomoedas e a tokenização de ativos.
A bolsa também já vem atuando no mercado de tokens RWA e em junho de 2023, a B3 lançou uma plataforma para emissão, registro e negociação de ativos tokenizados, utilizando a tecnologia blockchain. A iniciativa teve início com a tokenização de debêntures, que foram emitidas e transferidas para carteiras digitais de instituições financeiras.
Além disso, a B3 também estabeleceu parcerias estratégicas para ampliar sua atuação no mercado de ativos digitais. Em 2024, firmou colaboração com a BlackRock para o lançamento do ETF IBIT39, oferecendo aos investidores brasileiros exposição ao Bitcoin por meio de um BDR de ETF.